sábado, 19 de setembro de 2009

A lá Marte, a lá Forks.

Não me importou durante a volta em momento algum que a chuva refinada estragasse meu cabelo, eu gostava de sentir o toque suave de finas gotas geladas indo de encontro ao meu rosto.
A rua estava escura e vazia como sempre, exceto por algumas bicicletas que passavam rápidas ao meu lado, devia ter alguém as pilotando, não sei bem, nunca reparei...
O senhor com uma sacola cinza e um rosto que lembrava-me um lorde comandante inglês e homossexual que sempre dizia-me boa noite também era uma exceção, ele sempre estava lá, e eu nunca o respondera, não conseguia decifrar suas intenções.
Eu tinha mesmo era vontade de lhe responder de volta: “Boa noite, senhor”. Mais provavelmente ele me acharia uma vadia ninfeta, ou não... Não há como saber ao certo qual a sua real intenção.
Estava silêncio porque eu fazia estar silêncio, as pessoas ao meu lado que não paravam de tagarelar não incomodavam mais, eu simplesmente as desligava e fazia questão de demonstrar total desinteresse a conversa. Não gosto de conversar na volta.
Se eu tivesse meu mp4 velho ali todos os dias seria uma boa, mais como morar em Praia Grande significa que você tem 98% de chances de ser assaltada em qualquer bairro, bom, eu poderia cantar sem ouvir. Cantar mentalmente é claro, mais ao certo eu nunca conseguia isso, eu nem mesmo conseguia pensar mesmo achando que fazia isso o caminho todo, eu simplesmente me desligava de tudo, e só o que sentia era o toque leve e confortável da chuva.
Ah se eu não precisasse alisar meu cabelo, eu seria melhor amiga da chuva, seria sim.
Faltava apenas uma esquina então todos os outros menos um, melhor dizendo: uma, seguiriam para outra direção, era a pior parte, ela sempre tentava conversar comigo, eu tentava ser normal e respondia tudo que me perguntava. Era desconfortável claro, eu não ter assunto e ficar apenas calada o caminho todo, ainda faltavam tantas ruas... Ela poderia entrar na próxima e eu seguiria meu caminho sozinha.
Mais tudo bem, parece que quase um ano de prática me faz conseguir aparentar ser um pouco normal diante das pessoas da escola, só um pouco...
Não sei, achei que devia descrever minha rotina, quem sabe a lendo todos os dias me ajude a cansar mais rápido dela, e então eu começa a prestar a atenção no resto no meu dia e não somente quando volto pra casa e sinto a chuva leve a lá Forks me tocar.